Sentimentos das crianças: aprendizado começa com os pais
Os sentimentos estão presentes em nossas vidas desde que nascemos, eles fazem parte da natureza humana e não podemos deixar de senti-los. Conforme crescemos vamos aprendendo maneiras de expressá-los. Porém, temos a tendência de não reconhecer os sentimentos das crianças.
Imagine que você está sentindo frustrada consigo mesma por não conseguir realizar determinada tarefa ou até mesmo com muita raiva de um colega do seu trabalho, que te prejudicou. Nesse momento você procura alguém da sua confiança, como seus pais, ou um amigo, para descarregar tudo o que estava te angustiando, até mesmo chorar descontroladamente. Agora imagine que a pessoa que te ouviu responde coisas como “não foi nada”, “engole o choro que você já é uma mocinha”, “você faz tudo errado”, “se continuar chorando você vai apanhar”, “você está exagerando”.
Parece horrível não é mesmo? Acredito que você se sentiria ainda pior do que estava se sentindo, ficaria mais triste, confusa e até mesmo envergonhada. Pois essas são as frases que muitas vezes dizemos para as crianças. Precisamos parar de menosprezar o que as crianças sentem, pois o que pode parecer exagerado ou até mesmo besteira para os adultos, pode ser de extrema importância para a criança que está vivenciando a situação.
Sentimentos das crianças: o aprendizado começa na primeira infância
Os bebês ainda não possuem o recurso da fala, então o choro é a sua forma de comunicação, de expressar aquilo que está sentindo. Conforme a criança vai crescendo e adquirindo novos recursos, vai começando a se comunicar de outras maneiras, por exemplo, jogando brinquedos, batendo, mordendo e falando o que está sentindo diante de determina situação.
Porém, a criança ainda está se desenvolvendo e muitas vezes não entende o que está acontecendo, não consegue reconhecer ou saber qual é aquele sentimento, nem mesmo entender porque está se sentindo daquele jeito. Esse processo pode ser muito confuso e nesse momento ela age da maneira que está ao seu alcance.
O papel dos adultos é ensinar para as crianças sobre os sentimentos, nomeando-os nas situações e procurar maneiras de ajudar a criança a lidar com esse sentimento, que muitas vezes pode chegar de maneira avassaladora. É um aprendizado, demanda tempo e várias tentativas.
Existe uma tendência dos adultos de dizer que determinados sentimentos das crianças ou atitudes são feias, erradas, quando na verdade todos nós, tanto adultos quanto crianças, deveríamos poder expressar nossas emoções. Não podemos reprimir nossos sentimentos, especialmente das crianças que ainda são seres em formação, pois isso causa ansiedade e nos torna pessoas mais inseguras. Quando reprimimos, dizendo, por exemplo, que aquela criança faz tudo errado, que ela não pode se sentir de determinada maneira, criamos rótulos que limitam a criança, impedindo que ela possa sentir livremente. Nesses momentos, a punição e a crítica podem ser destruidoras.
Reconhecer e Legitimar os sentimentos das crianças
O principal jeito de ajudar é reconhecer e legitimar os sentimentos da criança, dando apoio e carinho nos momentos difíceis. Ensinar que todo mundo sente raiva, se frustra, e que as emoções são saudáveis e normais.
Por exemplo: a criança bate em um amiguinho. Claro que você não vai dizer que isso é certo. Mas ao invés de já brigar enquanto todas as emoções estão à flor da pele, você pode acolher e legitimar o que ela está sentindo, ensinando inclusive o nome daquilo que ela sentiu. Dizendo: “acho que você ficou com muita raiva do seu amigo”. Quando a criança se acalmar, explique para ela que todo mundo sente raiva, mas que ela não pode bater nas pessoas, pois machuca. E converse para que juntos cheguem em soluções: “o que você poderia ter feito, ao invés de bater nele?”.
Assim, a criança vai entendendo que é normal ter sentimentos conflitantes e vai criando recursos internos para conseguir sair das situações que a incomodem, sem machucar ninguém e ainda assim, sem precisar reprimir aquilo que está sentindo.
Terapia do abraço
Essa técnica tem sido cada vez mais utilizada e tem apresentado ótimos resultados. O princípio é: ao invés de negar e tentar afastar os sentimentos das crianças ruins como tristeza, raiva e ciúmes, aceitar que esses sentimentos são legítimos e fazem parte da nossa natureza. Assim, quando alguém estiver precisando de um colo, ou passando por um momento de raiva, ao invés de dizer para a pessoa ter calma, a proposta dessa terapia é que você a abrace. O abraço transmite calma, tranquilidade e segurança para as pessoas, sendo muito eficaz em momentos de crise.
Alguns benefícios da Terapia do Abraço são:
- Diminuição de riscos de doença cardíaca;
- Redução do nível dos hormônios do estresse;
- Ajuda no controle da ansiedade;
- Fortalecimento do sistema imunológico;
- Liberação de oxitocina, o hormônio da felicidade.
Ela pode ser utilizada tanto em adultos quanto em crianças e em qualquer situação!
Bruna Osorio – Psicóloga Clínica
CRP: 06/118617
Facebook: Bruna Osorio Psicologia
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Rodolfo
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A teoria do abraço funciona! Eu sempre digo às minhas filhas que nenhum sentimento é feio ou errado. O que fazemos e como agimos com base nesses sentimentos é que “são elas”. Eu costumava dizer a minha filha mais velha que rotular um sentimento (certo ou errado) não irá evitar de senti-lo! Raiva todo mundo sente, por exemplo, ao longo de toda a vida. É um sentimento que estará presente sempre. O que fazemos com a raiva? Aí sim está o certo e o errado.
23 de novembro de 2017Ótimo texto da Bruna!!
Redação
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Olá Rodolfo, tudo bem? Ficamos felizes que tenha gostado do conteúdo. Os textos da Bruna são realmente ótimos e levantam importantes questões. Tenha um ótimo dia 🙂
24 de novembro de 2017Maria elenice
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Estou passando por uma situação muito difícil com minha de 4 anos…eu infelizmente nao estou sabendo lidar e muitas vezes perdendo o controle facilmente.ja estamos sendo acompanhada por psicólogo.mas acho que nao ta ajudando muito.Hoje mesmo acordei com uma sensação de fracasso,estou decepcionado comigo por perder o controle.Estou me sentindo culpada pois sei que ela so tem 4 anos e eu que deveria conduzir a superar as frustrações.mas nao estou conseguindo…me sinto a pior mae do mundo por está em parte culpando tbm minha filha por seu mau comportamento….em fim estou desesperada sem saber o que fazer!!!
11 de março de 2018Redação
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Olá Maria Elenice, sentimos muito em saber disso. Mas se tem uma coisa que aprendemos com os textos da psicóloga Bruna Osorio, que compartilhamos aqui, é que tudo passa. Uma mãe que quer o melhor para sua filha, que faz tudo o que está ao seu alcance para ver sua felicidade e bem estar, nunca será a pior mãe do mundo. A frustração, infelizmente, é um sentimento que acompanha muitas mães mas saiba que você está fazendo seu melhor. Ouça seu coração e tenha paciência. Um abraço” :O
12 de março de 2018