Ministério da Saúde lança diretrizes para parto normal
O Ministério da Saúde lança nesta semana uma estratégia para reduzir a prática desnecessária de procedimentos durante o parto normal e melhorar a qualidade de atendimento. O documento, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, traz mais de 200 recomendações, que vão desde técnicas para aliviar a dor, como massagens e banhos quentes, até a contraindicação da manobra Kristeller, em que o útero da mulher é pressionado para tentar auxiliar a expulsão.

Parto normal deve ocorrer sem intervenções
Batizado de Diretriz do Parto Normal, o novo protocolo é o produto de uma série de discussões realizadas entre profissionais de saúde e sociedade civil durante o ano de 2015. Além da manobra de Kristeller, que segundo especialistas pode causar danos à mamãe e bebê, o documento condena ainda a prática da episiotomia: o corte feito na região do períneo deveria ser feito apenas em situações de emergência, com o intuito de facilitar a expulsão do bebê, mas na prática estaria sendo feito como rotina.
Parto normal deve empoderar mulher
Também são contraindicadas no documento práticas comuns, como a raspagem dos pelos pubianos e lavagem intestinal antes do parto. Já o parto domiciliar, condenado pelo Conselho Regional de Medicina, ganha tratamento brando: o documento recomenda que, entre mulheres que já tiveram filhos, não apresentam riscos de parto com complicações e têm condições de ter acesso a um hospital rapidamente em caso de complicações, a opção “não deve ser desencorajada”.
Profissionais de saúde que participaram da elaboração do conjunto de diretrizes afirmam que a intenção é conscientizar que o parto normal deve transcorrer sem intervenções, visto que é um processo fisiológico natural, e empoderar a mulher nesse momento, dando a ela o direito ao protagonismo no nascimento do filho. Para isso, procedimentos desnecessários devem ser evitados, e a mulher tem todo o direito de recusá-los no momento do parto.