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Meu filho não come nada: entenda por que você está exagerando

Meu filho não come nada! É praticamente impossível encontrar um pediatra que não tenha escutado essa afirmação em seu consultório. Mães, em sua maioria desesperadas, suplicam por formas de fazer a criança comer. Mas será que você não está colocando expectativas muito altas no apetite do seu filho? O pediatra Fabrício Valadão Batistoni falou com o Ficar Grávida sobre o assunto.

“Apesar da epidemia de obesidade infantil, uma das principais queixas das mães nos consultórios pediátricos é “meu filho não come nada”, de que a criança rejeita praticamente tudo, chora e faz birra diante do prato de comida, que tem ânsia de vômito ao se deparar com determinados alimentos”, declarou o especialista, que acredita que esse quadro é fruto da nossa cultura. “Para todos, a comida sempre foi associada à boa saúde”.

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Meu filho não come nada: queixa é comum entre as mães brasileiras

E não é somente no Brasil. Dados de pesquisas internacionais mostram que a queixa afeta entre 10% e 25% das crianças. No Brasil, as dificuldades de comer atingem mais de 50% delas. Mas é preciso entender porque isso acontece. No primeiro ano de vida, a criança ganha três vezes o peso que tinha no nascimento e cresce a metade em comprimento (em centímetros). Após essa fase, o ritmo de ganho de peso fica mais lento, com o ganho de cerca de 2 kg e 6 cm por ano – média que vai até a puberdade.

“No primeiro ano de vida, o apetite é enorme porque as necessidades nutricionais são muito altas para que as metas propostas sejam atingidas. Nos anos seguintes as necessidades anuais vão diminuindo e isso se traduz por menor apetite”, explicou o pediatra, que lembra que a família tende a oferecer muita comida à criança, sem levar em conta o tamanho do seu estômago. A explicação para o “Meu filho não come nada” é simples: ele não aguenta comer tudo que você oferece!

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Meu filho não come nada: papinhas batidas no liquidificador não estimulam paladar da criança

 

Meu filho não come nada – hábito de beliscar afeta ainda mais o apetite da criança

Segundo o pediatra, outro quadro que influencia o apetite das crianças é a alimentação inadequada nos intervalos das refeições. “O intervalo entre as refeições é irregular e cheio de “belisquetes”. Sem contar que para as crianças o mundo ao redor é muito mais interessante e curioso. Além disso, o ambiente não ajuda: é normal ver muito barulho e confusão durante a refeição. A criança não consegue se concentrar no ato de comer”, constatou Dr. Fabrício, que também lembra da visão da criança em relação à expectativa dos pais para que coma. “A criança já percebeu que, se recusar a comida, seus pais irão fazer diversos malabarismos para que ela coma. Ela decide então se divertir e não come”.

Outra situação que não ajuda é que as mães ficam tão aflitas com o “meu filho não come nada” que acabam deixando que substituem as refeições por lanches e guloseimas. “Quando a criança entende o processo, repete o comportamento errado para receber o “prêmio”.  Promessas do tipo “se você comer tudo, ganha chocolate” só servem para superestimar o doce e diminuir o valor da comida”, garante o pediatra.

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Meu filho não come nada: evite distrações na hora da refeição

 

Meu filho não come nada! Desperte o interesse pela comida

Confira dicas do pediatra para aumentar o interesse das crianças durante as refeições:

  • A comida deve ser saborosa, com um pouquinho de sal e temperos naturais.
  • Evite repetir o mesmo cardápio sempre. Criança precisa de variedade, senão se desinteressa pelo alimento.
  • Para os bebês, papinhas feitas no liquidificador não estimulam a criança a mastigar e saborear cada alimento.
  • Respeite o gosto da criança e mude a forma de apresentação do alimento caso ela negue o prato.
  • Fique atento aos sinais de dentes nascendo. A gengiva fica dolorida e fica bem mais difícil mastigar os alimentos. Nessas fases, ofereça alimentos (saudáveis) que o pequeno goste e que sejam fáceis de saborear.
  • Estabeleça horários para as refeições e os lanches, com intervalos de duas a três horas para crianças entre 1 e 6 anos e de três a quatro horas para as que estão em fase escolar.
  • Não troque a refeição principal por outro alimento. Se a criança não quiser comer, aguarde meia hora ou uma hora e ofereça novamente a mesma comida. Se ainda assim ela recusar, espere mais tempo até que ela dê sinais de que está com fome. Mas, antes de tudo, certifique-se de que ela gosta do que está sendo oferecido. Não adianta forçar!
  • Limite a ingestão de líquidos (água e suco) durante a refeição. A capacidade gástrica das crianças é limitada e não vale a pena enchê-la com líquido. Vai faltar espaço para a comida!
  • Esqueça artimanhas do tipo “se comer tudo, ganha um brinquedo”, “se não comer, fica de castigo”, caso contrário ela vai supervalorizar o prêmio e odiar a comida que a castiga.
  • Criança pequena tem estômago pequeno, por isso nem adianta encher muito o prato, senão, só de olhar, ela já vai ficar saciada. Coloque pouca comida e, se a criança quiser repetir, coloque menos ainda.
  • Evite artifícios como “aviãozinho”, “televisão” e “disfarçar os alimentos”. Eles duram pouco e você vai ter que estar sempre inventando novidades.
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Meu filho não come nada: nos intervalos entre as refeições, opte por lanches saudáveis

 

Cuidado com as vitaminas

Dr. Fabrício explica que apelar para as vitaminas não é saudável. “Há um mito popular (reforçado por alguns médicos, inclusive), que diz que o uso de vitaminas “estimula o apetite” da criança. O uso desnecessário, ou em doses excessivas, de vitaminas aumentam o risco de intoxicação”, alertou o especialista. “Algumas vitaminas podem se acumular em tecidos gordurosos, e membranas celulares e tornarem-se potencialmente tóxicas quando ingeridas de forma continuada. É preciso conscientizar os pais que vitaminas são remédios SIM e não devem ser usadas inadvertidamente”.

 

Especialista em Pediatria

Dr. Fabrício Valadão Batistoni

CRM 122.499

E-mail: fvbatistoni@gmail.com

Facebook: www.facebook.com/fabricio.pediatra/

 

 

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