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O papel da doula: da gestação ao pós-parto

Diversas pesquisas já comprovaram que contar com o acompanhamento com uma doula reduz a taxa de cesariana, o uso de anestesia e de medidas invasivas durante o parto, como a ocitocina e o fórceps. Também se nota maior sucesso na amamentação, fortalecendo o vínculo entre mãe e bebê. Mas muitos casais ainda têm dúvidas do papel da doula e como ela pode ajudar a mulher a se tornar protagonista do seu próprio parto. Para entender melhor, conversamos com Adriana Vieira, que trabalha com gestantes há 10 anos, sendo oito com doulagem.

“O papel da doula começa na gestação, principalmente com informação. Como educadora perinatal, eu dou aulas para gestantes (com seus parceiros, se possível) e para as doulandas, que é como chamo as grávidas que acompanho como doula. Esse processo antes do parto é especialmente importante para o pai do bebê, que vai chegar no dia do parto e vai saber o que vai acontecer. Porque o primeiro papel da doula é informativo, com relação ao trabalho de parto, a fisiologia e anatomia da mulher e do bebê”, explicou Adriana que lembra que muito da ansiedade dos pais durante o trabalho de parto, que pode chegar a 20 horas, se deve a falta de conhecimento.

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Doula Adriana Vieira, durante trabalho de parto hospitalar de Dannyele Paiva. Crédito: Talitha Cicon

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Doula Adriana Vieira, durante trabalho de parto hospitalar de Dannyele Paiva. Crédito: Talitha Cicon

No trabalho de parto: exercícios e suporte emocional

Durante o trabalho de parto, a doula dá suporte físico e emocional para a gestante. Ela ajuda a mulher a encontrar posições mais confortáveis, mostra exercícios de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc. Ela também estará lá para ajudar o pai do bebê, orientando o casal nos exercícios em conjunto.

“O papel da doula no trabalho de parto é emocional e também educativo, incentivando-os a colocar em prática tudo que aprenderam durante a gestação. Importante salientar que, clinicamente, quem atua são os médicos e enfermeiros. Mas quando todos trabalham em equipe, em prol daquele bebê e da família que está se formando, é melhor para todos”, destacou Adriana, que lembra que as doulas buscam o protagonismo da mulher durante o parto. “Ela vai ensinar a mulher a ser dona do próprio corpo, do próprio parto e da sua própria hora, que acredito ser a mais importante da sua vida, quando ela se transforma em mãe”.

Durante o trabalho de parto, a doula deve saber o que irá acontecer e orientar a gestante. “Se a médica disser que o bebê está alto, por exemplo, a doula terá a experiência e a calma necessária para ajudar a mulher em exercícios que ajudam o bebê a descer um pouco mais. Não fazemos nada invasivo. Tudo é natural, respeitando o tempo da gestante”, salientou Adriana, que explicou que cada doula usa as suas habilidades para ajudar o trabalho de parto. “Há as que usam aromaterapia, yoga, acupuntura. Vai depender da especialização de cada uma”.

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Doula Adriana Vieira, durante trabalho de parto hospitalar com a gestante Naira Malze

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Doula Adriana Vieira, durante trabalho de parto domiciliar assistido da gestante Patricia Graccho. Crédito: Talitha Cicon

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Doula Adriana Vieira, durante trabalho de parto domiciliar assistido da gestante Patricia Graccho. Crédito: Talitha Cicon

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Doula Adriana Vieira, durante trabalho de parto domiciliar assistido da gestante Patricia Graccho. Crédito: Talitha Cicon

 

O papel da doula no pós parto

O trabalho da doula não acaba com o nascimento do bebê. “É importante que a atuação da doula se estenda na exterogestação, que são os nove primeiros meses do bebê fora da barriga, principalmente no puerpério. Nesse período, eu auxilio na amamentação e dou orientação com os cuidados com o bebê. Incentivo principalmente o contato entre mãe e bebê, com muito colo, amamentação em livre demanda e o uso de sling”, explicou Adriana.

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Doula Adriana Vieira. O uso de sling é ensinado para as mamães durante a doulagem

O que a doula não faz?

A doula não executa qualquer procedimento médico e nem realiza exames, como o do toque. Ela não substitui o obstetra, enfermeiros, pediatras ou qualquer um dos profissionais envolvidos no parto e na assistência à mãe e bebê. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões médicas, mesmo nos partos domiciliares.

Doulas no Brasil

A conscientização do papel da doula está crescendo no Brasil, tanto que diversos hospitais cumprem a legislação e permitem que a grávida esteja acompanhada por sua doula durante o trabalho de parto e também no momento do nascimento do bebê. “O avanço das leis de doulagem favorecem principalmente as mulheres que não buscavam o apoio da doula por receio de que ela não pudesse acompanhá-la no parto. Mas há tempos que já vemos mulheres que querem ser protagonistas do próprio parto a buscarem locais onde a lei já se aplica. Alguma até saem de suas cidades e mudam de médicos para buscar o melhor acolhimento priorizando, principalmente, maternidades que têm salas preparadas para o parto”, salientou Adriana, que falou também sobre a escolha do parto domiciliar. “A maioria é levada a escolher o parto em casa pelo histórico de outras gestações, quando foram desrespeitadas pelos médicos e enfermeiros. São mulheres que buscam liberdade para parir”.

Como e quando procurar uma doula?

Se você está grávida e deseja o acompanhamento com uma doula, Adriana incentiva que o contato seja feito o quanto antes (com 12 semanas de gestação é o ideal), mas nada impede que você contate a doula semanas antes do parto. “Vale muito a pena (mesmo com a gravidez avançada). Se der para ser antes melhor, até para a grávida estudar mais e desenvolver o elo de confiança com a profissional. Mas na hora do trabalho de parto é fundamental ter alguém experiente e que saberá orientar o casal”, explicou Adriana, que destaca que a família deve sentir empatia com a doula. “Por isso, mais importante do que o momento de contratar uma doula é o momento em que a gestante a conhece. Elas devem se sentir à vontade uma com a outra, porque a doula vai fazer parte do seu momento mais importante”.

Para encontrar uma doula, acesse o site Doulas, que mantém um cadastro ativo, listado por estado e cidade, com o currículo e os contatos de doulas no país inteiro.

É caro?

“O valor varia bastante de acordo com a região do país e a experiência da profissional. Uma iniciante, por exemplo, pode cobrar R$ 800. Já o acompanhamento com uma mais experiente pode chegar a R$ 2.500. Isso, em São Paulo, que é o estado que atuo e conheço a atual situação da doulagem”, explicou Adriana, que detalhou o que estaria incluso na contratação.

“Cada doula trabalha com um tipo de “pacote”. Eu, por exemplo, gosto de um acompanhamento completo. Meu trabalho começa no dia que a gestante me procura. Incluo três aulas na doulagem, de três horas cada. Chega a 10 horas, porque acabo me estendendo para tirar dúvidas. Além das informações pré-parto, também auxilio a mãe na amamentação e dicas de cuidados com o bebê, como a amarração de sling. Mantenho o contato pós-parto de várias formas, mas atualmente grupos de Whatsapp funcionam bem. Mas eu faço assim. Já vi quem acompanha mais de longe, quem só vai no dia do parto. Isso acaba influenciando no valor também”, explicou.

Dica da Adriana

“Todas as gestantes interessadas em ter um parto humanizado deviam ler o livro “Parto Ativo”, da autora Janet Balaskas”, indicou Adriana.

 

Entrevista com: Adriana Vieira – doula, educadora perinatal e instrutora de yoga

Há 8 anos trabalhando com gestantes, acompanhou mais de 400 partos.

Ministra curso de Formação de Doulas, além de aulas de yoga pré natal, shantala (massagem em bebês) e curso para casal de Preparo para o Parto.

Site: www.namaskaryoga.com.br

Youtube: https://www.youtube.com/user/NamaskarYoga/

Facebook: https://www.facebook.com/Namaskar.Yoga.Brasil

Telefone: (13) 99787-6693

 

Fotógrafa Talitha Cicon – www.talithacicon.com

 

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